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24 de setembro de 2020
Intervenção farmacêutica em tempo de COVID: histórias, experiências e iniciativas
Quando fomos surpreendidos com a pandemia provocada pela COVID-19, não tivemos muito tempo para reagir. A incerteza e o medo instalaram-se rapidamente. Muitas empresas suspenderam as suas atividades e a maioria dos serviços públicos e privados fechou. Em paralelo, foi necessário criar novas formas de interação com as pessoas que estavam em casa a trabalhar e a cuidar da família e as pessoas de risco impedidas de sair.
Em todos os países que integram a AFPLP, a intervenção farmacêutica foi ainda mais importante que o já habitual nas mais diversas áreas de exercício profissional.
Na farmácia comunitária, o aspeto mais visível da intervenção farmacêutica, o importante foi as farmácias terem continuado a trabalhar, sobretudo quando os hospitais e Centros de Saúde suspenderam ou diminuíram a atividade assistencial não relacionada com a COVID-19.
As Farmácias Comunitárias foram dos poucos serviços que continuaram a funcionar, apesar de todas as dificuldades que tiveram incluindo a falta de equipamentos de proteção individual para as suas equipas.
A documentação técnica produzida pela Associação Nacional das Farmácias, de Portugal, sobre como lidar com possíveis casos de COVID-19, foi adotada pela FIP e divulgada em todo o mundo, tendo os materiais sido traduzidos em dezenas de outras línguas. Essa mesma informação foi disponibilizada aos países que integram a Associação de farmacêuticos dos países de língua portuguesa (AFPLP).
Por todos os países foram elaborados Planos de Contingência para a continuidade do serviço das farmácias com informação técnico-científica, medidas de prevenção, normas e procedimentos internos e boas práticas e estratégias a adotar, sendo esse plano atualizado forma periódica.
Na Farmácia Hospitalar, as equipas adaptaram-se a trabalhar em espelho, contribuindo para aliviar a pressão nos sistemas de saúde, contactando com os primeiros casos de infetados, utilizando medicamentos experimentais e contribuindo para a geração de evidência, sempre necessária.
Nas análises clínicas foi evidente a pressão crescente pela necessidade de “testar, testar, testar”, repto lançado pela Organização Mundial de Saúde. Também aqui, o trabalho dos farmacêuticos, que trabalharam em rede, na capacitação de profissionais para as técnicas de correto rastreio e diagnóstico molecular da infeção por SARS-CoV-2.
Na produção e distribuição, sentiu-se a pressão para que não houvesse falhas na produção e abastecimento de medicamentos, numa altura em que os países encerraram fronteiras, e os desafios à distribuição eficaz de medicamentos foram muitos.
Na área regulamentar, os farmacêuticos estiveram envolvidos, para que de forma urgente pudessem elaborar de normas de segurança aplicáveis a equipamentos de proteção individual, avaliar dispositivos médicos com o mesmo objetivo e verificar a conformidade dos diferentes testes que se tornaram indispensáveis.
Em Portugal, destaca-se a criação da linha de Apoio ao Farmacêutico pela Ordem dos Farmacêuticos, com resposta às muitas dúvidas dos farmacêuticos, e apoio psicológico especializado. Destaca-se também a criação da linha 1400, um número nacional gratuito de assistência farmacêutica e o serviço de entrega ao domicílio: projeto “Operação Luz Verde”
No Brasil, destaca-se a possibilidade dos testes serológicos de COVID-19 serem feitos na farmácia comunitária. O Conselho Federal de Farmácia preparou um curso de capacitação para o efeito, tendo igualmente desenvolvido um “hot site” exclusivo para as questões relativas à pandemia.
Estes são apenas alguns exemplos, das múltiplas alterações à prática profissional que os farmacêuticos enfrentaram (e continuam a enfrentar) durante este período.