25 de março de 2021
Entrevista a Ana Paula Martins, Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal
A AFPLP entrevistou a Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal (OFP), e esteve à conversa sobre os temas da atualidade em Portugal. Entre os maiores desafios da profissão farmacêutica, as grandes aprendizagens da pandemia de COVID-19, e um olhar para o futuro, Ana Paula Martins partilha a sua visão de setor farmacêutico em Portugal.
Leia a entrevista na íntegra aqui.
A profissão farmacêutica enfrenta desafios que são transversais a todas as profissões de saúde, que vão desde a valorização e reconhecimento profissional ao desenvolvimento de novos e mais serviços que respondam às necessidades em saúde dos cidadãos e dos sistemas de saúde. A evolução e inovação tecnológica acentua, por outro lado, o desafio da humanização dos cuidados. Os farmacêuticos são profissionais em contacto muito próximo com as populações. São especialistas numa tecnologia de saúde que trouxe enormes ganhos para a qualidade e sobrevida da humanidade. Com uma formação abrangente e altamente diferenciada, estão numa posição estratégica e transversal a todo o ciclo de vida do medicamento, o que lhes confere um papel decisivo enquanto agentes de saúde, fundamentais na promoção e edução para a saúde e no combate à iliteracia em saúde, em especial das populações mais desfavorecidas. Os farmacêuticos têm elevado sentido de responsabilidade social. Têm um vasto histórico de desenvolvimento e participação em programas de saúde pública e serviços de saúde diferenciados e têm uma base científica que lhes mostra e prepara para um futuro cada vez mais tecnológico, em que personalização, a humanização e as qualificações serão seguramente valorizadas.
Diria que a pandemia evidenciou a fragilidade e a vulnerabilidade do Homem aos agentes infeciosos e outras doenças emergentes. Demonstrou também que as emergências em saúde pública não têm fronteiras e que só uma ação comum e concertada a nível internacional pode superar uma crise como esta que vivemos. Tornou-se então evidente a interdependência entre Estados, regiões, comunidades, mas também entre organizações, agentes sociais, profissionais de múltiplas áreas. Todos temos de dar um pouco mais de nós para ultrapassar este período, da ciência, à economia, passando pela saúde, turismo, educação segurança e tantos outras. Estamos perante um enorme esforço coletivo, em que os farmacêuticos têm também participado, nomeadamente nas áreas em que estão capacitados, garantindo sempre o acesso aos medicamentos, produtos de saúde e meios de diagnóstico.
Os farmacêuticos têm à sua disposição um número alargado de ferramentas que os tornam centrais no sistema de saúde. Estão dispersos por todo o país, nas farmácias comunitárias, onde aconselham, informam e escutam. Estão nos hospitais, na linha da frente da inovação e do combate às doenças. Na distribuição farmacêutica, garantindo que os medicamentos chegam ao sítio certo a tempo e horas. Nas análises clínicas, auxiliando o diagnóstico. Na indústria farmacêutica, de produção de medicamentos, e na aprovação e regulamentação dos medicamentos. São o profissional de saúde mais próximo da população e altamente confiados por esta. Ter os farmacêuticos como aliados numa luta global contra a pandemia é essencial para unir esforços, governar com inteligência e cooperar entre os profissionais de saúde. Os farmacêuticos têm uma sólida formação técnico-científica, que lhes permite ter uma visão global sobre o ecossistema da saúde. Devem portanto ser envolvidos – a par dos outros profissionais de saúde – ouvidos nas decisões, considerados na reflexões e serem parte da solução.