23 de agosto de 2018
Luta contra o VIH em Portugal
O responsável da OMS saudou a evolução registada nos últimos anos no combate à sida. «Portugal tem feito um percurso exemplar na prevenção, deteção, tratamento e cuidados dos doentes com VIH», afirmou Masoud Dara, sublinhando que o país atingiu praticamente todos os objetivos estabelecidos no programa das Nações Unidas para o VIH/sida — ONUSIDA, conhecido como 90-90-90.
O programa pretende que, até 2020, 90% das pessoas com VIH/sida estejam diagnosticadas, que 90% dos diagnosticados estejam em tratamento e que 90% dos que estão em tratamento atinjam uma carga viral indetetável ao ponto de ser impossível transmitir a infeção.
«Exemplar» é o adjetivo escolhido por Masoud Dara, que coloca assim Portugal ao lado de países como a Dinamarca, a Islândia, a Suécia, a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte, que já alcançaram a meta dos 90-90-90.
No entanto, a média dos 53 países europeus que participam no programa revela uma situação preocupante: apenas 69% de doentes estão identificados, a maioria não está em tratamento (58%) e apenas 36% de doentes que estão em tratamento deixaram de ser uma ameaça na transmissão do vírus, segundo dados avançados pelo responsável.
Masoud Dara aponta a situação vivida nos países da Europa de Leste como a principal razão para estas percentagens tão baixas, já que naquela região do globo a sida continua a ser um assunto tabu.
«Em 2016, havia 160 mil novos infetados na Europa, dos quais 80% viviam em países de leste», lamentou, explicando que naquela região o número de novos doentes continua a aumentar, em parte por falta de prevenção e limitado acesso a tratamentos.
Na ocasião, o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde anunciou que mais de 90% das pessoas com VIH estão diagnosticadas e mais de 90% das que estão em tratamento já não transmitem a infeção. «Hoje é um dia histórico em que Portugal alcançou dois dos três objetivos estabelecidos pela OMS», afirmou o governante, a propósito da divulgação dos mais recentes dados sobre esta doença.
Portugal tinha até 2020 para conseguir atingir aqueles dois objetivos definidos pelo programa das Nações Unidas para o VIH/Sida, conhecido como 90-90-90.
Com a identificação dos doentes, será mais fácil para os serviços de saúde conseguirem encaminhar as pessoas para os tratamentos, explicou.
Ter 90% dos doentes diagnosticados em tratamento é precisamente o objetivo do programa que falta a Portugal, mas Fernando Araújo acredita que tal poderá acontecer ainda este ano.
É que os dados agora revelados dizem respeito a 2016, altura em que havia já 87% dos doentes diagnosticados e Fernando Araújo lembra que foi precisamente nesse ano que se começou a generalizar o uso da terapêutica antirretrovírica para todos os infetados. «A nossa expectativa é que, em 2017 ou em 2018, possamos atingir este 90 e ser um dos países mais avançados nesta área», afirmou.
Portugal surge como um caso de sucesso, até porque começou o programa com números assustadores: «Partimos com uma base desfavorável e temos vindo, ao longo dos anos, a construir respostas adequadas para atingir esses objetivos».
Nos finais dos anos 80 e inícios dos anos 90, Portugal era um dos países europeus onde surgiam mais novos casos de infeção, uma realidade que veio a diminuir ano após ano.
Nos últimos anos, equipas do Ministério da Saúde fizeram uma recolha de dados a nível nacional, tendo voltado a notificar todos os casos, para perceber o que se passava. No final, perceberam que muitos tinham morrido, outros estavam hospitalizados, outros tinham regressado, explicou o governante.
Fonte: https://www.sns.gov.pt/noticias/2018/07/05/oms-luta-contra-o-vih/